quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Design rupestre da Serra da Capivara dribla a miséria e a depredação ambiental


Na zona de transição entre a Caatinga e o Cerrado, localizado no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, uma comunidade rural de Barreirinho encontrou um caminho para driblar o cenário de miséria, prostituição e depredação do meio ambiente. O programa Cerâmica Artesanal Serra da Capivara emprega a população local na produção de peças, como louças e vasos, decoradas com símbolos semelhantes às pinturas rupestres desse sítio arqueológico brasileiro.

"Esse trabalho existe há 13 anos. No início, eram apenas três pessoas da comunidade Barreirinho trabalhando junto com a equipe, mas agora já temos 27 artesãos na oficina, o que corresponde a 70% da comunidade", conta Girleide Oliveira, administradora do projeto de Cerâmica Artesanal da Serra da Capivara. "Nossa principal motivação foi possibilitar às pessoas que moravam no entorno do Parque uma fonte de renda, diminuindo assim a depredação da fauna e da flora características da caatinga e do patrimônio cultural do Parque, que são as pinturas rupestres e os vestígios arqueológicos."

As peças da Serra da Capivara são vendidas em oito Estados brasileiros e exportadas para a Itália. Há negociações para que cheguem também à Holanda e à Grécia. Com o apoio da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), entidade presidida pela arqueóloga Niéde Guidon, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ajudou a capacitar os antigos caçadores e agricultores para a função de ceramista, buscando um resgate cultural em suas raízes e visitando museus para começar a dar um novo formato aos produtos confeccionados.

Na produção de suas peças, a Cerâmica Serra da Capivara tem a preocupação de retratar a cultura local em dois níveis: no design e nas técnicas de fabricação. No primeiro caso, desde a pré-história os povos que habitavam essa região trabalhavam com argila na fabricação de cerâmica com finalidades diversas, como urnas funerárias e peças utilitárias, como comprovam as pesquisas arqueológicas na região. Foi uma opção consciente retratar nas peças réplicas das pinturas rupestres encontras nos paredões que formam o grande patrimônio cultural, já tombado pela Unesco, do maior complexo de sítios arqueológico das Américas. "O trabalho desenvolvido pelos artesãos tem beleza, funcionalidade e também o valor social agregado que contribui com o desenvolvimento da região e protege o patrimônio cultural e ecológico do Parque", conta Girleide.

Leia a matéria na íntegra no site: http://www.artesanatonarede.com.br/noticias/exibir.php?id=2507

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