| Quanto menos água, melhor | Edição 3 |
| Setor de papel e celulose enfrenta o desafio da sustentabilidade |
| Por Michelle Barreto e Andressa Besseler |
Depois de mais de quinze anos de tramitação no Congresso do PL 203/91, que propunha uma Política Nacional de Resíduos Sólidos e jamais foi aprovado, o governo federal resolveu tomar a dianteira do processo. Em setembro, com direito a cerimônia e discursos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pessoalmente encaminhar à Câmara dos Deputados um novo projeto de lei, desta vez de autoria do próprio Executivo - fruto de um trabalho que envolveu dez ministérios e várias organizações da sociedade civil. Em meados de outubro, o PL 1991/07 foi apensado ao anterior e pode ser votado ainda este ano. Se aprovado, finalmente o país terá uma legislação para os resíduos sólidos. "Essa lei é uma parte do tripé que se complementa com a lei do saneamento e a dos consórcios", afirma Luciano Zica, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente. Um dos pontos de destaque do projeto é a logística reversa, ou seja, os fabricantes serão responsáveis pela coleta de seus produtos, tanto para encaminhá-los à reciclagem como para a disposição final. Na opinião de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, essa nova proposta para uma Política Nacional de Resíduos Sólidos "é uma contribuição importante para alterar as atuais práticas de produção e consumo e transformá-las em práticas de bases sustentáveis". O projeto prevê instrumentos financeiros, como incentivos fiscais ou créditos especiais, para que tanto o setor público quanto o Alguns setores são extremamente hidrointensivos, pois vivem de transformar a água em seu próprio produto, como as indústrias de cerveja ou refrigerantes. As fábricas de papel e celulose não chegam a tanto, mas as folhas secas nas portas da saída disfarçam quanta água ficou pelo caminho, evaporada do que, no princípio, era uma polpa encharcada. Pedaços de toras de eucalipto, portanto, são apenas uma parte da matéria-prima, pois a água é um insumo essencial. "Como a água é empregada como veículo das fibras dentro dos processos de fabricação de celulose e papel, ela tem uma importância vital para o setor", afirma Nei Lima, coordenador da Comissão Técnica de Meio Ambiente da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel. Houve um tempo em que a água era abundante e a legislação, permissiva, mas isso é passado. Hoje, a boa gestão do recurso hídrico é chave para sustentabilidade da indústria de celulose e papel. A evolução tecnológica, a competitividade internacional e o aumento da conscientização da sociedade na defesa dos recursos naturais levaram ao desenvolvimento de processos mais limpos ao longo do tempo. Assim José Oscival dos Santos, diretor de Energia e Meio Ambiente da Klabin, explica a nova mentalidade na gestão do uso da água. Segundo Santos, no passado "os acidentes ambientais eram mais freqüentes pela precariedade da tecnologia disponível e das práticas consideradas como 'normais', nas quais os processos eram mais abertos, com maior perda de produtos químicos e de matéria orgânica que poluíam aos rios", conta. Para Santos, além de se enquadrar em leis mais severas, as empresas têm de adotar práticas de responsabilidade social e ambiental por exigência da própria sociedade. "Os principais fatores determinantes para essa postura são a maturidade da sociedade brasileira e a pressão internacional por melhores práticas, expressas em ações de ONGs como Greenpeace e SOS Mata Atlântica. Já o consumidor consciente cada vez mais evita adquirir produtos que são nocivos ao meio ambiente", afirma. A nova legislação também é apontada por Umberto Caldeira Cinque, gerente de Meio Ambiente da Votorantim Celulose e Papel, como a grande indutora de mudanças. Um exemplo é a Lei 9.433, que abriu o caminho jurídico para a cobrança pelo uso da água, além de institucionalizar a gestão dos recursos hídricos por meio dos Comitês de Bacias Hidrográficas. site da matéria: http://www.revistaagua.com.br/textos.asp?codigo=37 |
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